quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A NAÇÃO ESTÁ DE LUTO

Hoje, faleceu o Sr. Alceu, uma das pessoas mais atuantes do nosso Clube.

O Sete de Setembro Futebol Clube, acima de tudo agradece, por todo tempo, trabalho e amor dedicados durante toda sua vida à nossa bandeira.


HOMENAGEM PÓSTUMA AO SAUDOSO SR. ALCEU 

            “Dizer muito obrigado é bonito em todas as línguas, até na  língua dos mudos.”
            Agradecer é sinal de que se sabe dar valor aquilo que se recebeu; é dar uma resposta de amor ao bem recebido.
            Agradecer é manifestar o desejo de corresponder ao bem que foi doado, principalmente o bem que veio do coração, da emoção, do mais profundo de nosso ser.
            E a Família Setembrina se faz presente para render sua homenagem e para agradecer.
            O bem que a pessoa do Sr. Alceu proporcionou ao nosso clube setembrino, o seu esforço, a sua disponibilidade, o seu dinamismo, o seu trabalho incansável e brilhante em favor de nosso Verdão, tem um grande merecimento e o seu nome será sempre lembrado em nossa entidade desportiva.
            Sr. Alceu foi um inigualável desportista amador, uma sementeira nos verdes gramados setembrinos. Ali ele plantou, ali ele colheu. Plantou projetos. Plantou bons exemplos. Plantou ensinamentos, amor, dedicação, disposição, disciplina e sabedoria. E ali ele colheu seus louros, colheu bons frutos. Ali revelou grandes craques. Ali ele fez por merecer seus momentos de glória, de conquistas, de títulos e de vitórias. Ele foi um mestre na arte de ensinar com os pés e com a cabeça a desenvolver a habilidade com “a bola”, ensinou dribles perfeitos, passes certeiros, a arte de chutar e balançar as redes, arrancando aplausos, levantando o povão nas arquibancadas, extraindo das gargantas o sufocado grito de gol, do pedido de “mais-um”, do coro ensaiado da torcida gritando:
“É campeão! É campeão! É campeão!”.
           A sua presença em nosso meio muito nos honrou e nos orgulhou.
           Nesse momento de pesar para todos nós, não vamos extrair da garganta o sufocado grito de gol de épocas remotas, mas vamos simplesmente dizer: Sr. Alceu  foi um “Marco” em nossa história, foi um Porto-Seguro durante várias décadas,  foi um sustentáculo e grande responsável por muitas alegrias vividas pelo Verdão.
            Durante gerações inteiras o seu nome será lembrado, pois o seu trabalho ali foi marcante, carismático, exemplar e inigualável.
            Que na Pátria Celeste ele encontre o merecido descanso eterno e que junto a Deus Pai, ao som do coro dos Querubins e Serafins, ele continue torcendo, vibrando e intercedendo por todos nós.   
            A Família Setembrina abraça a todos os seus familiares e deixa de público o seu grande reconhecimento, o seu imenso carinho e a sua eterna gratidão.   Muito Obrigada!        
 Clara Alves – 12/10/2011.


CRÔNICA DE MORTE PARA SER ANUNCIADA

            E como tinha tanto cruziliense chegando ao Céu, Deus percebeu que tinha de organizar aquele time. E resolveu convocar o Alceu.
            Além de experimentado treinador, “Sô Arça” tinha outra bela qualidade na sua bagagem de serviços prestados: a voz, acostumada a anunciar os “espetaculares” filmes que passavam no velho Cine Vitória, seja “panôramicos”, “vista visions” ou “cinemascopes”. Dessa maneira, a ouvir a voz poderosa, pausada e harmoniosa, todos cruzilienses agora a postos no time celeste, poderiam melhor se organizar, se encontrar, se reconhecer. E Deus viu que isso era bom.
            Assim que o Alceu chegou, o Criador estranhou que ele vinha de macacão, traje usado hiperbolicamente a séculos pelo “Sô Arça”, seja no posto, seja na rua – ao entregar os carros devidamente lavados, abastecidos, calibrados – seja nos treinos do mirim, do infantil, do juvenil, dos aspirantes e dos titulares do valoroso Sete de Setembro Futebol Clube. Deus disse ao Alceu que ali no Céu não carecia de usar aquele traje, havia uma túnica única, da cor do firmamento, a uniformizar e universalizar todas as almas. Mas “Sô Arça” achava que ali chegava era para servir e, de macacão, se sentia mais à vontade para qualquer tipo de trabalho. E não ia se sentir muito bem numa túnica com a cor da camisa do CRAC de Caxambu, se ela fosse pelo menos alvinegra e com uma estrela solitária no peito...
            Deus, então, fez esta concessão: considerou que, uma vez que “Sô Arça” aparecera no Céu no dia em que se celebra a padroeira do Brasil, a Senhora Aparecida, permitiu que ele ficasse de macacão e assim permanecesse também a postos para treinar o time  de cruzilienses. E Deus até trocadilhou, dizendo  para o esquadrão que ali estava um novo técnico “ao seu dispor”. E foi por isso que, no dia de Nossa Senhora da Aparecida, também no Céu se ouviu tanto barulho de foguete, como se ouve em cada cidadezinha do Brasil: é que lá em cima, alguns craques do time de Cruzília, como Covinha, Tutia, Minelli, Fernando, Lili, Soriana, Tuí e o eterno reserva Pauleca, soltaram bastante foguete com a chegada do “Sô Arça”.  E este, ao ver tantos amigos, viu que não seria uma estrela solitária no Céu, sem falar da turma da arquibancada celeste, sô Juca (de boina e um inexplicável jornal para sentar-se em alguma nuvem), sô Totonho do Cantagalo, a Salete, o Élvio, o Jaiminho, tantos, que nem dá para nomear...
            Mas de repente, Deus chamou Alceu num cantinho e falou que, antes de começar seu serviço de treinador, era preciso que “Sô Arça” conhecesse os santos do Céu, pois afinal de contas, a vida dele na terra tinha algo a ver com os santos. “Sô Arça” sempre fora bom, humilde, nunca fizera mal a ninguém, nunca fora impulsionado pela ambição desenfreada, vivera do pouco, do simples, e fizera muitos amigos. Era preciso, urgente, que os santos do Céu recebessem aquele homem alto, de macacão agora eterno, com a mesma saraivada de fogos com que o time de cruziliense havia se manifestado.
            Deus então disse ao Alceu que os santos, em ordem alfabética, iriam se apresentar a ele. “Sô Arça”, ao ver aquela “santaiada”, pois a lista era enorme, e impaciente para treinar seu time, chamou Deus num cantão, e disse:
            - O Senhor me desculpe, se é para apertar a mão desses santos todos, gostaria de, primeiro, apertar a daquele que me é mais chegado, o Nílton Santos!
Caio Junqueira Maciel



Um comentário:

  1. Naquela noite, sr Alceu ainda comemorou la do cèu gritando golllllll do Louco Abreu que deu ao Botafogo a vitòria. Não o conheci, mas com certeza pude perceber com clateza, que quem conviveu com ele teve o privilègio de ter como exemplo um grande homem.

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